terça-feira, 27 de dezembro de 2011

GENTE DE FIBRA - PEDRO SQUINCA


             Hoje quero contar sobre Pedro Squinca.
        Pedro  Squinca,    essa      figura elegante de chapéu branco
 e óculos de sol, nasceu  há 78 anos   em     Paraíso,        perto de Catanduva.
      Veio para Mirandópolis em 1937.
Nunca se casou,  e é pai de 5  filhos, que  trabalham como Bancário, Caminhoneiro, Agente da FEBEM, 
 Farmacêutico, e  Professor de Faculdade.
     O senhor Squinca começou a vida na roça, com os pais.  Veio para a cidade e passou a ser corretor de carros, de imóveis, de boiadas e de fazendas.
    Na sua juventude foi amigo e companheiro de bar do senhor Manuel Alves de Ataíde,    
                                                            o fundador de Mirandópolis.
      Naquela época, o local onde está a Praça Manuel Alves de Ataíde, era uma pastagem de gado.  
E ali perto, onde há uma sorveteria, havia um bar, onde
 o sr.  Pedro ia tomar cerveja com o sr. Ataíde. 
Este só tomava cerveja Caracu, e ficava alterado
 quando bebia muito. 
Mas, normalmente, o sr. Ataíde era um homem simples, de paz.
      Como era atirado nos negócios,
 o sr. Squinca ficou rico,
 tornando-se proprietário de sítios, casas e até do Hotel Esplanada de 22 quartos,
 em Guararapes.
      Nessa fase de sucesso, seu nome foi até cogitado para candidato a prefeito de Mirandópolis, mas não passou disso.
      Seu Pedro estava rico, era benquisto, e feliz.
      De repente, porém, tudo foi 
por água abaixo.
      Numa desavença no antigo Bar Marabá, Pedro deu dois tiros num cidadão e foi preso.
 O cidadão não morreu, mas Pedro ficou 58 dias detido.
      Após três audiências, Pedro se irritou 
com a morosidade  da Justiça e, caiu fora.
 Foi para São Paulo e trabalhou por oito anos, 
como motorista de táxi e de caminhão.
 Nessa fase, morou com a famosa 
dupla caipira Tonico e Tinoco, num ônibus de circo,
 no Parque do Chave , em São Paulo. 
 A dupla não era famosa, ainda.
      Trabalhou também  no Rio e  em Curitiba, 
sempre como motorista. 
Por fim, ficou ainda uns cinco anos correndo da Justiça, de cidade em cidade, em Mato Grosso.
      Só voltou a Mirandópolis, quando o processo que lhe moviam havia  prescrito.
 Mesmo porque, o homem que era o pivô de toda essa história, fora morto anos antes,
 por outro cidadão.
      Quando voltou, Pedro Squinca era outro homem. 
Bebia e fumava muito.
 O que mais lhe doía,  era ter perdido junto com
todos os seus bens,
 o crédito que ele tinha conquistado na praça.
 Daí, passara a beber muito e perdeu o rumo na vida. 
Não tinha mais vontade viver.
      Um dia,  pediu ajuda a Deus. 
E Nossa Senhora de Aparecida lhe atendeu.
 E parou de beber
    há  27 anos.
       Mas, de tanto fumar , perdeu a fala. 
Certa vez, desmaiou, por não conseguir respirar. 
Quando perdeu a consciência, já quase morrendo
 teve um acesso de tosse, e conseguiu expelir
uma rolha de nicotina, que lhe obstruía 
as vias respiratórias.
      Recuperou a vida e a fala.
      E nunca mais fumou.
      Hoje, ele é um homem tranqüilo.
Só lamenta não ter tido a chance, de  ser 
Prefeito de Mirandópolis.
      Mora sozinho, compõe música, toca violão e canta .
 E é feliz.
      Pedro Squinca venceu todos os contratempos da vida.
 Venceu a bebida e o cigarro.
      Pedro Squinca, gente de fibra!

            Mirandópolis, abril de 2011.
                   Kimie oku
                (kimieoku@hotmail.com)

Um comentário:

  1. Emocionante falar desse homem que é o Pedro Squinca, meu amigo quando o encontro ele com sua fala suave e tranquila, vejo-o na igreja matriz- católica todos os domingos, gosto muito dele sempre comentando suas andanças da vida. É Pedro, a vida é assim mesmo. As vezes a gente tem tudo e de repente nada se tem. só a vida que devemos preservá-la com dignidade. Parabens Dona Kimie pela lembrança desse senhor de muitas histórias.

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