segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

VIAGEM DE ÔNIBUS

 Ultimamente tenho usado o ônibus, para me locomover para as cidades vizinhas.
 Na última vez, ao tomar o ônibus de volta, vi que a fila de conferência dos bilhetes era imensa.
Ao embarcar, percebi que estava lotado, coisa rara de acontecer.
Até todo mundo se acomodar com suas malas  e matulas, demorou uns dez minutos.
    Quando o último passageiro embarcou, começou a confusão. Entrou, desceu e foi reclamar ao motorista que, não havia lugar para se sentar.
 O motorista entrou, constatou a verdade e, foi  à bilheteria verificar o que havia acontecido.
 Veio o funcionário responsável pela bilheteria e, pediu  para todos mostrarem as passagens. Até todos acharem as suas, foi um Deus nos acuda.    Sobrava uma.
 E aí, ele pediu que todos ocupassem as respectivas poltronas, indicadas nos bilhetes.
 "_ Olhem, eu não tenho pressa! Meu horário é até meia noite! ( Eram 15 horas!)  O ônibus não irá sair, enquanto não resolver esse problema!"
 Foi um transtorno. Tromba-tromba de malas e de gentes, por conta  da extrema obesidade de alguns passageiros, aliada ao corredor estreito,  que dificultava a operação.
 Após mais  quinze minutos, constatou-se  que havia dois bilhetes de número 42.
 A mulher que ocupava o lugar, não havia passado pela fila de conferência. Disseram-me que ela possuía um bilhete em aberto, isto é, o passageiro o usa no horário que lhe convier. Mas, ela deveria ter passado pela fila de conferência, antes de embarcar, para que tal incidente não ocorresse.
 O funcionário da Empresa pediu delicadamente para a moça descer, para embarcar no próximo carro. E ela : "_ Não, moço, preciso ir neste ônibus!  Eu vou em pé. Não me importo!  Não desço, não!"
Diante da firme recusa dele, ela perdeu as estribeiras  e saiu ameaçando chamar a polícia... etc...
 E ele, educadamente  "- Senhora, eu garanto que embarcará no próximo! Calma, senhora!"
 O incidente deixou os demais passageiros muito chateados. Mas, também foi uma lição para todos. A passagem tem que ser conferida antes de embarcar.
Enfim, quando  tudo se acomodou, o ônibus saiu da Rodoviária com 30 minutos de atraso.
Todo mundo aliviado, entregou-se aos seus botões, às suas preocupações.
 Quando todos estavam quase cochilando, toca um celular : Pam...pam...pam...pam...!  A música parecia de corneta rachada.
 "_ Oi, tou  quase chegando. Hein?  O quê?...Como?... Sabe, o ônibus saiu agora porque teve um problema.... ( tudo em voz aguda, que  ecoava no ônibus todo.  A conversa durou uns três longos minutos. Ainda bem que ela não contou a história dos passageiros do 42)
Quando parou a conversa, a bendita paz voltou.
 Aí, toca outro celular. Mais estridente que o anterior.
 No começo, a passageira falava baixo, mas foi    subindo o tom junto com sua raiva : 
  "-É, mas eu te convidei! Por quê não veio almoçar? Não, não, não! Foi antes das onze que te liguei. Não foi de última hora, não! Você é que não quis  vir.  O que eu fiz ? Peixe assado com batata na manteiga.  É, mas você perdeu....e blá, blá, blá blá..." (até as duas se entenderem levou uma eternidade. Tudo em voz bem aguda)
 Estávamos a um  terço de minha viagem.
 Quando acabou a conversa do peixe, o celular da primeira passageira tocou de novo. (parecia revezamento de tortura) "_Oi, tou chegando, fia! Estamos perto do pedágio. Espera um pouco, que logo, logo vou taí. Você comeu o ........ e blá- blábláblá.... tudo gritado.
 Deus, Deus, Deus , dai-me paciência, que  é melhor ouvir tudo isso, que ser surdo...
 Olhei para os ocupantes das poltronas próximas. Todos com cara azeda e triste. Não me ajudou em nada. Fechei os olhos e tentei cochilar.
 Mas, que cochilo, que nada!
 O ônibus  dá uma parada no acostamento, e o motorista  (agora era o motorista, acreditem!) fala ao celular com alguém. Levou seguramente uns cinco minutos.
E sem explicação, sem pedir desculpas, põe o carro na estrada.
Havíamos percorrido mais uns dez quilômetros, quando o primeiro celular volta,à carga, novamente.
 "-Tou chegando, fia! Nois tamo no trevo. Daqui a pouco tou aí. Espera mais um pouco!" (O pior de tudo é que percebi pela voz que, a interlocutora não era criança) Encheu a medida de todos os viajantes, com sua insistência e voz estridente.
E chegamos numa cidade. Arre!
Desceram 90% dos passageiros, levando suas malas e seus celulares, graças a Deus! 
E alguém disse : "- Acho que hoje fiz uma viagem pro inferno!"
Daí, subiram mais alguns usuários do ônibus. Com o canto do olho, vigiei  para ver se alguém usava celular, que a minha paciência já era. 
Felizmente, eram passageiros mais civilizados, que não nos atormentaram com seus problemas particulares. O resto da viagem foi tranquilo e, em abençoado silêncio.
 Cheguei em casa com cinquenta minutos de atraso.     
Eu, como os demais cidadãos,  temos nossos mil problemas, que nos afligem no dia a dia. Mas, não quero saber de peixes, e de relações truncadas de outras pessoas. Ainda mais, gritado  num ambiente fechado, perturbando a nossa paz.
Estou pensando em pedir para as  Empresas, proibirem o uso de celular em ônibus, porque é insuportável e desrespeitoso.
O que vocês acham?

Mirandópolis, 12 de agosto de 2011.      
                                             kimie oku

Nenhum comentário:

Postar um comentário